O Brasil no tapete vermelho: Cannes, Oscar e a alta do nosso cinema

Autor: *Letícia Porfírio

O cinema brasileiro tem conquistado os olhos do mundo. No Festival de Cannes 2025, a presença de Kleber Mendonça Filho e Wagner Moura consolidou o país como protagonista nas telas internacionais. O filme O Agente Secreto, dirigido por Mendonça Filho e estrelado por Moura, não só foi reconhecido no Palais des Festivals, como também levou o Prêmio do Júri, uma das principais honrarias do festival. 

Este é o segundo reconhecimento de Kleber Mendonça Filho em Cannes: o primeiro veio em 2019 com Bacurau, co-dirigido com Juliano Dornelles, que levou o mesmo Prêmio do Júri e colocou o sertão brasileiro no mapa do cinema político global. Agora, em 2025, o pernambucano retorna com uma obra de tensão contemporânea, novamente aclamado por sua capacidade de aliar crítica social e estética. 

Outro destaque foi o ator Wagner Moura, que mais uma vez provou ser um nome de peso no cinema. Sua atuação foi elogiada pela crítica internacional, reforçando a versatilidade de quem já interpretou Pablo Escobar em Narcos, e agora entrega um personagem denso, complexo e profundamente brasileiro. 

O prestígio em Cannes se soma a outra conquista: a histórica presença do Brasil no Oscar 2025 com Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, indicado tanto a Melhor Filme Internacional quanto a Melhor Filme, além da indicação de Fernanda Torres a Melhor Atriz. É a primeira vez desde Central do Brasil, em 1999, que o país marca presença nas principais categorias da premiação. 

A trajetória de Ainda Estou Aqui mostra como histórias sensíveis e bem contadas, aliadas à maturidade técnica do nosso cinema, são capazes de furar a bolha hollywoodiana. O filme emocionou plateias no mundo inteiro com sua abordagem intimista sobre memória, identidade e reconstrução. 

Esse conjunto de reconhecimentos é reflexo de um setor criativo que insiste em existir, mesmo com cortes de investimento, desmonte de políticas culturais e instabilidade institucional. Cannes e Oscar são validações de um cinema que merece existir e circular dentro e fora do país. 

Se queremos que esse seja o início de um novo ciclo e não apenas um ponto fora da curva, é preciso fortalecer políticas públicas de fomento, garantir o às salas de cinema e às plataformas, e ampliar a formação de novos profissionais. Não nos faltam histórias nem talentos, falta estrutura e continuidade. 

Que os aplausos de Cannes e do Oscar se transformem em investimentos, visibilidade e, principalmente, permanência. 

*Letícia Porfírio é graduada em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, mestre em Comunicação e Linguagens, doutoranda em Comunicação e Linguagens e professora do CST Marketing Digital da Uninter. 

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Autor: *Letícia Porfírio


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